quarta-feira, 18 de abril de 2012

CIDADE



A Bíblia geralmente não faz distinção entre cidade, vila e povoado. A ênfase sobre muros (Levítico 25: 29-31) e fortificações (Josué 19:35), com repetidas referências a torres, portões e sítios, indicam que as cidades providenciaram segurança primária para as vilas e lugares circunvizinhos.

ORIGEM E ANTIGUIDADE PRÉ-REQUISITOS PRÁTICOS
A existência de comunidades estabelecidas dependia do suprimento controlado de alimento. Em contraste com o habitante da cidade, o nômade vivia numa tenda portátil, apropriada para uma incessante busca de alimento. Abraão é exemplo de uma experiência seminômade: "Ele aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador" (Hebreus 11:10).
A PRIMEIRA CIDADE BíBLICA

Em Gênesis 4:17 está a primeira referência a uma cidade. Caim "estava construindo" a cidade, que provavelmente não terminou nem na qual residiu permanentemente, pois tinha sido condenado a uma existência errante (vers.12). A primeira prole humana, Caim e Abel, estava envolvida na produção de alimento (Gênesis 4:2). Caim era lavrador e Abel apascentava rebanhos. Gênesis 4 mostra as diversas atividades dos habitantes daquela cidade: confecção de tendas estava associada a Jabal (vers. 20), música a Jubal (21) e artefatos em metal com Tubalcaim (22).
EVIDÊNCIA ARQUEOLÓGICA

O testemunho da arqueologia geralmente confirma a data de origem das cidades. A cidade mais antiga descoberta em Canaã foi Jericó. Com o uso de carbono-14 para análise de peças de madeira do local, Katheleen Kenyon atribuiu uma data anterior a 7000 AC. Embora menor do que 4 hectares, era uma cidade bem desenvolvida com um impressionante muro de 1,8m de espessura e uma torre redonda de pedra de quase 9m de altura equipada internamente com uma escada da base ao topo. Jericó parece ser 3.000 anos mais antiga que outras cidades cananitas. A maioria das cidades sumerianas tais como Ur, Ish, Lagah e Ereque foram fundadas mais tarde, no quarto ou terceiro milênio AC.
LOCALIZAÇÃO E NOME PRÉ-REQUISITOS TOPOGRÁFICOS

Há quatro considerações básicas na seleção de um local para uma cidade.

1. A situação topográfica da cidade antigamente tinha que contribuir para a sua defesa. Construída numa colina natural, uma cidade tendia a ser menos vulnerável do que num vale. Vantagem substancial era dada aos defensores se um inimigo era forçado a atacar num aclive.

A topografia de Jerusalém ilustra o fator de segurança da seleção de um lugar. Embora rodeada de montanhas mais altas (Salmo 125:2), Jerusalém originalmente foi fundada num cume de calcário protegido a leste pelo Vale de Kidron e a oeste pelo igualmente formidável Vale de Tyropoean. Os dois vales se encontram protegendo Jerusalém ao sul. Para completar a segurança, muros foram construídos em torno da cidade, com ênfase especial ao norte, onde ao contrário Jerusalém não tinha proteção (II Samuel 5:6).

2. Uma nascente de água convenientemente localizada era uma necessidade absoluta para a existência de uma cidade. A fonte da cidade ou poço se tornava o centro das relações sociais, particularmente para as mulheres, incumbidas tradicionalmente de carregar água. São inúmeros os exemplos bíblicos de socialização no poço da cidade (Gênesis 29: 1-12; I Reis 1: 38-39).

Em geral, as nascentes de água se localizavam nos vales, logo a fonte mais próxima à cidade ficava freqüentemente fora de seus muros. Se um inimigo cercasse a nascente de água, a cidade poderia ser forçada a se render quando o suprimento de água estocado na cidade acabasse. Em Jerusalém, o Rei Ezequias construiu um túnel de água para neutralizar o iminente ataque do rei assírio Senaqueribe (II Reis 20:20; II Crônicas 32:30). Sua espantosa façanha de engenharia, com mais de 518m de comprimento e mais de 2.500 anos de construção ainda pode ser vista pelos que visitam Jerusalém.

3. Cada cidade precisava de alimento adequado para seus habitantes. Antigos lavradores moravam numa vila ou cidade e andavam todos os dias para suas fazendas. A existência de uma cidade, portanto, dependia de campos cultiváveis ao seu redor adequados às necessidades da população.

4. Para facilitar a importação de matéria prima e exportação de produtos acabados, era desejável, se não imperativa, a proximidade a estradas locais e internacionais. As importantes cidades da Bíblia se localizavam ao longo de artérias básicas de comércio.

A relativa importância desses quatro fatores mudou através dos séculos. Com o aparecimento de fortes nações-estados como Roma, as cidades poderiam depender de exércitos permanentes e assim desistir da localização inconveniente em topos de colinas. O desenvolvimento de cisternas rebocadas e aquedutos tornou possível a fundação de cidades distantes das fontes de água; Cesaréia, por exemplo, construída por Herodes, o Grande, ficava a 19,3km das nascentes do Monte Carmelo. As rotas comerciais mudaram com a alteração de condições internacionais, causando o desaparecimento de algumas cidades e o desenvolvimento de outras.

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