domingo, 15 de abril de 2012

SEPULTAMENTO, COSTUMES


A Bíblia fala com freqüência sobre maneiras pelas quais várias culturas enterravam seus mortos, o que revela as diferentes visões sobre a morte e a vida futura. Os antigos egípcios achavam que a vida diária simplesmente continuava após a morte e preparavam seus túmulos com itens práticos e necessários como comida. Os antigos hebreus tinham uma idéia mais espiritual da morte, acreditando que o espírito da pessoa morta iria viver com os fantasmas das gerações anteriores.
SEPULTURAS E TÚMULOS
Entre os hebreus, a pessoa era enterrada onde estava sua família (Gênesis 15:15; I Reis 13:22). A caverna de Macpela em Efrom foi um exemplo de túmulo familiar, negociado por Abraão quando Sara morreu (Gênesis 23). Quando Abraão morreu, Isaque e Ismael colocaram seu corpo no mesmo túmulo (25:9). Lá Jacó enterrou seus pais, Isaque e Rebeca, e também Léa (49:31). José, filho de Jacó, fez seus parentes prometerem que seus restos mortais seriam preservados até que pudessem ser levados para sua terra natal e enterrados junto de sua família (50:25). Samuel foi enterrado em sua casa em Ramá, como uma referência clara a uma área de túmulo familiar (I Samuel 25:1). Joabe foi enterrado em sua própria casa no deserto (I Reis 2:34). O Rei Manassés foi enterrado no jardim do seu palácio (II Reis 21:18) e Josué em sua propriedade particular em Timnate-Sera (Josué 24:30). Os reis tomavam o cuidado de manter sua memória viva através do enterro em cemitérios especiais, frequentemente na cidade de Davi. O Rei Josias determinou antecipadamente o local de seu sepultamento num jazigo (II Reis 23:30). Os corpos eram enterrados em túmulos, isto é, cavernas naturais ou sepulcros feitos na rocha, tal como o que pertencia a José de Arimatéia onde foi posto o corpo de Jesus (Mateus 27: 59,60). Eram também enterrados em sepulturas rasas cobertas com pilhas de pedras que marcavam os túmulos e evitavam que fossem destruídos por animais.
Outros eram marcados por monumentos construídos por amor (Gênesis 35:20) ou honra (II Reis 23:17); pedras eram também amontoadas em lugares de sepultamentos indignos, como no caso de Acã (Josué 7:26) e Absalão (II Samuel 18:17). Os túmulos eram decorados, algumas vezes pintados de branco, de acordo com o prescrito na lei de Moisés. Jesus falou desses "sepulcros caiados" numa referência aos fariseus (Mateus 23:27).
TRATAMENTO DO CADÁVER
Quando Deus assegura a Jacó que a "mão de José fechará teus olhos" (Gênesis 46:4), provavelmente estava fazendo uma referência ao costume de que um parente próximo fechava os olhos do que morreu. Esses parentes também deviam literalmente abraçá-lo e beijá-lo. O corpo era lavado e vestido com as roupas do falecido. Brincos e outros adereços encontrados nas tumbas escavadas são evidência de que eram enterrados completamente vestidos. Soldados eram enterrados totalmente uniformizados, com escudos cobrindo ou protegendo seus corpos armados, a espada debaixo de suas cabeças (Ezequiel 32:27).
Embora os costumes e procedimentos não tenham mudado muito dos tempos do Velho para o Novo Testamento, encontramos neste alguns detalhes adicionais. Por exemplo, em Atos 9:37 menciona-se que os corpos eram lavados, ungidos e envoltos em tecidos de linho com especiarias (Marcos 16:1; João 19:40). Depois as extremidades eram fortemente atadas e a cabeça coberta com uma peça de linho separada (João 11:44).
Depois da preparação, o corpo era carregado num esquife, sem caixão, e colocado num buraco feito na parede de uma câmara escavada na rocha ou diretamente numa cova rasa cavada no chão. O ataúde e o caixão não entravam na cova com o cadáver. As especiarias eram usadas como perfume e para evitar a decomposição rápida do corpo (Marcos 16:1).
Como lemos nos Evangelhos sobre o sepultamento de Jesus, alguns túmulos tinham um selo na entrada, que podia ser uma porta de madeira com dobradiça ou uma pedra lisa moldada de tal forma que podia ser rolada. Esse selo requeria muito esforço para ser reaberto (Marcos 15:46; 16:3-4). Nos tempos do Novo Testamento, os judeus economizavam dinheiro em sepultamentos colocando os ossos secos de seus ancestrais em caixas. Os romanos usavam cofres para guardar as cinzas de um corpo depois de sua cremação.
Embalsamar os corpos não era usual em Israel. Quando Jacó e José foram embalsamados no Egito, foi uma exceção. De acordo com Heródoto, historiador grego, os egípcios começavam as técnicas de embalsamamento retirando o cérebro através das narinas, peça por peça, usando um gancho curvo e longo. Depois a cavidade do cérebro era lavada com uma mistura de resinas e especiarias. O cadáver era limpo e os órgãos colocados em quatro jarras. O corpo era mergulhado numa solução por um período de 40 a 80 dias, dependendo do custo do funeral. Quando pronto para o enterro, era embrulhado da cabeça aos pés em tiras de linho fino e posto num caixão. As jarras colocadas no túmulo junto com o corpo simbolizavam a ressurreição da personalidade depois de sua morte.
A cremação do corpo de Saul e de seus filhos (I Samuel 31:12-13) também foi uma exceção à prática normal. Tácito, historiador romano, escreveu que a piedade dos judeus requeriam o sepultamento em vez da cremação de corpos mortos. Sob a lei mosaica tal ato era feito somente como castigo ou julgamento (Levítico 21:9; Josué 7;25).
Também de acordo com a lei de Moisés, uma pessoa ficava cerimonialmente impura se tocasse num cadáver ou estivesse de luto. Não era permitido a um sacerdote fazer luto e não deveria se contaminar se aproximando de uma pessoa morta, mesmo se fossem seu pai ou sua mãe. Ele não deveria profanar o santuário do seu Deus ausentando-se dele para ir ao funeral de um parente, porque era considerado santo pela unção do óleo do seu Deus (Levítico 21:10-12)

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