sexta-feira, 20 de abril de 2012

a Borboleta Dourada

K.Myllah,


"Estou sem lugar seguro para passar a noite". Uma brisa leve e delicada que não chegava a mover folhas perpassou troncos centenários soprou sobre uma borboleta dourada que esvoejava solitária naqueles cercanias.



Olhou-a sôfrego e num momento transformou-a num castelo imenso e brilhante com muitos aposentos, com centenas de guardas, com fulgurantes luzes e confortáveis leitos.







Mas a dança muito rapida da borboleta, aquele vôo em todas direções fazia tremer o castelo utópico, distante e cada vez que a voadora pousava ruia de todo o castelo ilusório. Euponer estava amendrotado.



É um beijo na flor do campo aqui, uma pousada rápida na verdolenga folha a que a nada reclamava, o sugar do mel de outra flor que celebrava a vida.



Moviam-se galhos das árvores ao empurrão do vento, folhas se curvavam à força do sopro, mas todas ficavam no mesmo lugar. A borboleta dourada tinha os endereços de todas as flores e sabia onde se encontravam todas as folhas. O pastor acompanhava entre absorto e atento os movimentos imprecisos e a valsinha jovial e saltitante dançada pela borboleta.



- Ela pode ajudar, mas é tão pequena para me socorrer. E só uma borboleta, sem ferrão, sem garras, sem veneno.




“Mas se eu, pastor, falasse a língua dela, com certeza ouviria a minha história, voaria bem alto, divisaria a estrada de onde me desgarrei e esvoaçando e vigiando - há camaleões matreiros e pássaros espertinhos no caminho - me conduziria de volta. Tão frágeis asas apontar-me-iam o local exato bem seguro, o teto, o fogo, os companheiros.”



- Não me conduziu à estrada, mas pousou em meu coração e falou-me com amor fraterno por mim desconhecido:



- Pastor de Deus, nós temos um mesmo Pai. A nós borboletas o Senhor Deus não nos agraciou com o Espírito dos céus, mas deu a todas seis asas como as dos serafins do Reino de Deus. Vocês são do Espírito, nós voamos como os anjos do Senhor.



 - Mas você, pastor, nem tem reparado, porque os pastores não visitam e engrandecem as perenes obras de Deus - há borboletas multicoloridas cujo cromatismo é nosso apanágio. Douradas, rubras, pretinhas, pretonas, de um azul solene, cor do arrebol, branquinhas de morrer - os arco-íris dos céus até porfiam para que ensinemos a eles como nascer já formosa, e a cada dia ficar mais linda.



- Pastor, nós temos o mesmo Pai. Que sempre cuida de nós. O irmão está sem o que disse o presbítero Pedro quando escreveu sua carta:







"Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade porque Ele tem cuidado de vós". (1 Pe. 5:7).



-Eu mesma que estou muito descansada e toda minha família que esvoaça por ai afirmamos: meu Pai, que é teu Pai, já providenciou para mim milhões e milhões de leitos, de camas bem macias e jeitosas. Você está com medo das árvores pacíficas, das noites tranquilas, das folhas indefesas. Pois todas essas folhas, que são milhões de milhões - e nem cito as flores que são milhares de milhares - são refúgios seguros para eu passar a noite.



Não é verdade que você não tem abrigo para agasalhar-se à noite.



-Já sabia o Senhor que os pastores nada iriam fazer para nos dar gasalhado. Então separou todas as folhas e bosques do mundo para nossa casinha e cama e hospital. Tudo pela Graça.



O pastor protestante nem sabia que camaleão, verde-amarelo ou marrom-azulado - bem poderia destruir a borboleta dourada. O sapo babento era da mesma escola. Mas um assunto o encantou muitíssimo: uma fala eterna trazida por uma criaturinha sem valor.



"Temos um lugar para passar a noite". (Gn. 24:25).








Rebeca, de Aram - fala. Vem Eliezer com camelos trazendo tarefa que tinha sido dada por Abraão: encontrar esposa para Isaque, filho da promessa. É em meio à jornada que a noiva afirma: "Temos lugar para passar a noite. Temos pasto”.



"A noite vem quando ninguém pode trabalhar" (Jo. 9:4) insiste o Noivo eterno.



É o pastor protestante preocupado com a igreja que busca um teto para passar a noite, porque levantam-se nestes dias as hostes espirituais da maldade, e já aparecem no mundo.



Mas com a Igreja do Senhor desguarnecida, são muitos os pontos vulneráveis nos quais a serpente pode atacar outra vez. E fome, e perseguição, e nudez, e espada - que virão por certo - aconselham a Igreja a comprar "ouro refinado pelo fogo" e "vestiduras para cobrir a vergonha de sua nudez" (Ap. 3:18).



A borboleta dourada de Deus dispunha, mercê do Senhor, de esconderijos milhares.



“Até o pardal encontrou casa e a andorinha ninho para si e para os seus filhotes, junto aos teus altares, ó Senhor dos Exércitos, Rei meu e Deus meu.” (SI. 84:3).



Enquanto a alta cultura humana se debruça nos laboratórios e nos centros das investigações eruditas e a tecnologia de que Daniel, o profeta (Dn. 12:4) falou, exibe conquistas científicas fantásticas que ontem eram delírios utópicos - resta-nos só este caminho: a Eternidade. Não é seguir o caminho que leva à Eternidade.



Até porque podemos dele nos tresmalhar.



Mas, chegados a Deus, menos perdidos nas densas e inóspitas florestas da religião, da justiça própria, das empresas religiosas, das denominações protestantes, atravessemos hoje o Jordão, com ou sem milagres - mas aqui garantidos: "Eu te tomo pela mão direita. Eu te ajudo" (Is. 41:16).



Eu te ajudo.



Eu te ajudo.



Eu te ajudo, diz o Senhor.



“Porque eu, o Senhor, teu Deus, sou eu quem te sustento pela mão direita, e te digo: Não temas, Eu te ajudo” (RVP)



E "O Senhor te guiará continuamente" (Is. 58:11). Coisa nunca de pastor protestante. Realidade bendita para as borboletas de asas amarelas nascidas das mãos de Deus.

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