O PASTOR DECIDE
"Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas", Palavra da Eternidade.
Homem,
insistia K.Myllah, somos efemérides porque é curto o período da nossa
vida. Não precisamos aprender muito dos ensinos do mundo. Só captamos a
essência das coisas.
Dos dias antigos pouco sabemos.
São os cemitérios, pastor amigão, que guardam os ossos só os ossos dos homens que brilharam enquanto eram vivos.
Os cemitérios são os esplêndidos templos das glórias do passado.
Por algum tempo ainda precisamos deles.
Talvez melhor:
Os templos são os esplêndidos cemitérios das glórias do passado.
Não precisamos mais deles.
O
pastor de sua igreja, o Benídio, o Marosco, o Manito, os irmãos
Tenódio, o presidente e o pastor titular, todos são ossos cheios de
terra preta.
O
pastor não gostou. Essa idéia de visualizar os cemitérios como lugar
onde dorme perpetuamente o desnecessario e inútil passado das religiões,
não agradou positivamente o clérigo.
Mas decidiu fazer uma pergunta a K.Myllah que bem à vontade estava.
-K.Myllah sempre voadora, diga-me:
-Então,
não se deve regressar ao primeiro século para então entendermos com
perfeição tudo sobre a Igreja de Deus? Não é isto voltar ao passado?
O pastor não percebeu o sorriso sutil de K.Myllah nem entendeu o que a voadora falou.
-
Igreja de Deus, Reino de Deus, o presbitério bíblico, o Livro de Deus
são valores eternos. O tempo (1º século) e o local (Jerusalém, Ásia
Menor, Palestina) são indicadores que só servem de marcos por onde o
homem deve começar a sua tarefa. (Atos, as Cartas de Paulo, Pedro e
Tiago e o Apocalipse)
Iniciado o seu trabalho o que encontra são valores indestrutíveis, encontra a Eternidade.
Tempo e local não são esteios, nem massa de que se constitui a Eternidade.
De
modo nenhum são uma volta ao passado. Ocorre, antes de tudo um
mergulhar e um assimilar Eternidade quando bem vamos compreender os
verdadeiros fragmentos formadores do Fim último de tudo.
A
Eternidade nunca se divide: O Reino de Deus, a Igreja de Deus, os
Tabernáculos Divinos, o novo céu e a nova terra, as vestes alvas, o
Cordeiro Bendito.
A
borboleta, já mocinha, espertava a imaginação indecisa do religioso,
condicionada que estava pelos discursos livrescos que sustentavam
inúteis ensinos retrógrados da Reforma Protestante.
-Ah!
Seu pastor! Bem quisera eu que os sermões fossem leves, levados
facilmente pelo vento e terminassem sempre em perfumadas flores. Quero
interpretar a vontade de todas as borboletas do mundo e rogar-lhe com
humildade que a última palavra do seu sermão fosse sempre uma flor:
Todas as flores do mundo, ouvi-me.
Vós – primeiras testemunhas da ressurreição do Cordeiro de Deus – tomai o shophar8 do Altíssimo e proclamai: nunca mais o Rei retornará ao túmulo.
Já está sentado no Trono.
E já deu a ordem:
“Eis que faço novas todas as coisas” (Ap. 21:5)
K.Myllah
dava pouca atenção ao que o pastor falava. Muitas vezes discorria ele
sobre a vida e sempre acrescentava que, teologicamente, tudo estava
correto.
A
borboleta dourada conhecia a Bíblia, mas ignorava teologias. Nunca
relacionou Eternidade com a Teologia. Era de sua índole repetir a
história do Éden e descrever as flores do Jardim. É certo que o Senhor, o
Criador, falava com o jardineiro Adão e a esposa que sempre cuidavam
das flores.
O que K.Myllah disse ao pastor era que o Senhor falava a Adão à viração do dia, e ministrava Jesus Cristo a Adão e Eva.
O Senhor Deus falava Jesus Cristo.
A voz primeira e eterna de Deus é Jesus Cristo.
Quando
Euponer expressava-se em alemão todas as palavras que pronunciava eram
mortas, sepultadas no dicionário. Só tinham a vantagem de estar em ordem
alfabética e era fácil localizá-las.
Mas quando Deus fala – o Eterno fala Jesus Cristo - que é o Verbo vivo. E lembrou-se do registro:
“Tua palavra é viva mais penetrante que espada de dois gumes...” (Hb. 4:12)
“E
o Verbo se fez carne e habitou entre nós, pleno de graça e de verdade, e
vimos a sua glória como a glória do Unigênito do Pai.” (Jo. 1:14).
Fez-se a carne viva.
Os
teólogos desejam que se fizesse carne morta. Mas por cerca de trinta
anos foi carne viva. Teve que morrer. No Getsêmani. No Calvário. Jesus
Cristo é o Verbo de Deus e todos nós carne de Adão e Eva.
A sempre voando insistia, sorrindo, que o pastor devia aprender e falar uma nova lingua:
JESUS CRISTO.
- Jesus Cristo?
- Não K.Myllah, esse falar nunca aprendi.
- E nunca aprendi porque nunca me ensinaram.
Eu sei, repetia aquela criaturinha de Deus.
Você
aprendeu - veja bem - o luteranês (o antigo e o moderno) ; aquele
pastor da outra rua só fala baptistês, aquele de vestes pretas o
methodistês original e aquele do templo se expressa - e até com
elegância - em pentecostês tardio, decadente, gospelento.
Ninguém do Reino de Deus entende.
Uma algaravia imensa e caótica.
Um homem, creio que da Polônia inventou uma lingua artificial, mescla de muitas línguas, o esperanto.
Foi o mesmo que os gracentos, os universentos e os vitorientos fizeram.
Proibiram o Jesus Cristo.
Agora só ficou:
1- Venha a mim o vosso dinheiro.
2- Água benta + Gruta "santa" (ela é feita de pvc e isopor - eu vi) + pitadinha de sal grosso.
3- E grande bênção será derramada se com fidelidade pagardes no Banco Moneymeu & Filhos o carnê da multiplicação.
Então nessas casas de religião tudo é proclamado e estorquido em serpentês.
Há variações do serpentês conforme os valores exigidos: o ofidês, o anguiferês, o viborês, o escorpionês.
O aspidês é reservado somente para reuniões dos pés descalços e andanças sobre o sal grosso.
- Essa não. Que falta de respeito.
- Clubes religiosos?
- Mas como se aprende o Jesus Cristo?
- Nós aprendemos num minuto, logo que nascemos quando os nossos olhos se abrem para contemplar as obras de Deus.
As
flores oferecem-nos mel e nos dão aviso de que a dádiva vem de Jesus
Cristo, o Nazareno, as águas limpidas mitigam a sede de todos.
A passarada toda, a cigarras e até os sapos dos charcos louvam a Deus.
Nós vemos e ouvimos tudo: já falamos a lingua do céus.
A gente já nasce no Reino de Deus.
Não há problemas.
Mas
você, seu falador incorrigivel de luteranês e que sabe o básico do
baptistês - (a vóz era sempre suave) tem que iniciar o aprendizado do
Jesus Cristo.
Se alguém não renuncia a tudo quanto tem (= tudo quanto é) não pode ser meu discipulo.
Lucas que escreveu essas palavras era homem de densos conhecimentos do Jesus Cristo.
Ele escreveu, em Jesus Cristo: RENÚNCIA.
Que quer dizer ADEUS.
Mas adeus para sempre.
Adeus perpétuo.
K.Myllah
chegou-se bem perto do pregador e sussurrou-lhe: Euponer, larga prá lá
essa língua bárbara, arrepiante, dê adeus perpétuo.
Coragem homem, baptistês nunca mais.
Mas,
cuidado! - Olha o laço do passarinheiro! - Não comece a aprender o
pentecostês camuflado que é lingua derivada do serpentês.
Vamos homem da igreja: RENUNCIA!
A
gente desaprende uma língua qualquer se não nos expressarmos mais nela,
não lermos e não pensarmos em termos dessa língua. Assim ela é
esquecida.
É que o Eterno fala sempre a mesma língua ao se dirigir aos homens: o Jesus Cristo. E já colocou no coração de todos a capacidade perfeita de aprender, praticar e viver o Jesuscristês.
E
isto antes da fundação do mundo e a todos deu final segurança quando
Ele enviou - o Eterno enviou para sempre - Jesus Cristo o Nazareno que
com seu sangue de Cordeiro de Deus "bate a porta". Apo 3:20.
Eu tenho o sangue remidor eterno.
Euponer
reconheceu que de fato no seminário teológico em qe estudara não tinha
aprendido o Jesuscristês, absolutamente indispensável para o exercício
de seu ministério santo.
Neste ponto dava razão à K.Myllah.
Jesus Cristo.
Gente,
matutava o pregador. São João Batista que por certo propagou o
baptistês - o clássico, sem qualquer contaminação ensinava:
- Duas túnicas?
- É pecado.
- Já e já cobre teu irmão. Dá a melhor a ele.
-
Tens comida? Já e já divide de modo que os dois passem menos fome. O
que não pode: não fica bem /a gente passar bem / e o outro carestia.
Assim não dá: tua comida é farta (glória ao Senhor!) mas tu mesmo jogas comida fora (eu vi) - tu dás comida aos ratos do lixão.
Aos ratos.
Jesus Cristo, Pastor, é o grande Pastor dos lírios e de todas as flores.
O sábio escreveu porque cultivava flores e com elas se embevecia.
“Cultivei jardins e pomares e plantei árvores frutíferas de todas as espécies.” (Ec. 2:5);
“Aparecem as flores na terra...” (Ec. 2:12)
A
multidão ululava sem paz, com corações sanguissedentos, os ladrões
torturados gemiam, as mulheres choram, na cruz as agonias da morte
imperam sobre o Filho de Deus.
E
João, o João sempre amor, eleva-se acima das catástrofes humanas (que
lição bendita, meu Deus) e entre escombros da arrogância e da
pervesidade faz sua alma repousar no jardim.
"Havia
um jardim no lugar em que ele fora crucificado e no jardim, um sepulcro
novo no qual ninguém ainda fora colocado" Jo 19:41
João vislumbra e fala do jardim - o que significa oliveiras, flores da Páscoa, ramos e folhas estuantes de vida.
E
permitiu Deus que no momento eterno em que se romperam os grilhões da
morte, as primeiras testemunhas fossem as flores do Calvário que
gostariam tanto de relatar a Jerusalém, às flores de Jerusalém, e a quem
quiser ouvir: "O Pastor dos lírios ressuscitou e vive para sempre".
Amém.
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